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Destino - MACHU PICCHU



04/08/2010DIAS QUE ANTECEDEM...

 A mensagem que consta em nossa foto na abertura do Blog, é uma mistura de Paulo Coelho e Lô Borges/Milton Nascimento...
"Porque se chamavam homens
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem,
Em meio a tantos gases lacrimogênios
Ficam calmos, calmos, calmos..."
Quando li essa frase vi realmente que nossos sonhos nunca envelhecem. Eles podem ficar um pouco esquecidos em algum canto de nossas memórias por "n" motivos, mas quando lembramos que eles existem, tornam-se mais vivos e rejuvenecidos que nunca. E não importa o tempo demorado para realizá-los, eles ainda continuam sendo seus sonhos. E estão vivos dentro de você.
O sonho de conhecer Machu Picchu começou, para mim, nos bancos de escola com minha professora de História, a dona Irene. Ela falava daquele lugar com tanto brilho nos olhos, paixão, entusiasmo, alegria e admiração que foi impossível não ter me apaixonado também. E ali, naquele banco de escola, com meus 14 ou 15 anos, decidi que um dia iria estar naquele lugar mágico, místico, espiritualizado, enigmático e acima de tudo lindo por natureza.

Já o Niva, desde 2006, quando a volta de uma linda viagem ao Chile, despertou nele a vontade enorme de nunca mais parar de rodar esse mundo, que é tão grande, e que nos faz tão pequenos. Machu Picchu estavam nos seus planos e sonhos e foram se deparar com os meus há um ano atrás.

As passagens estão compradas e a grande aventura começa no dia 17 próximo,  às 15:00 Hs , quando estaremos saindo de nossa cidade (Camboriú) para irmos até Floripa e embarcar no avião rumo a Santa Cruz de La Sierra às 19:30 Hs. Sonho quase concretizado. A ansiedade já toma conta de mim. Já não durmo e não penso direito. No trabalho tenho andado contra o tempo para dar conta de tudo que preciso deixar pronto, para que  meus patrões e minhas colegas de profissão não sofram com problemas que eu deveria ter resolvido. Em casa, olho a mochila quase pronta e fico apavorada: ainda falta isso, ainda falta aquilo. As pesquisas feitas por nós há quase hum (01)  ano atrás,  ainda são motivos de muita leitura para termos realmente uma bagagem enorme de muita informação quando chegarmos em terras altiplanas.

Sem contar a dor de ter que deixar prá trás as minhas paixões. Mãe é mãe, não importa onde esteja ou aonde vá, o pensamento nos filhos é sempre mais forte. Mas um dia, eles também terão suas oportunidades.  E elas virão, com certeza, no tempo certo.
Agora é a minha vez.


E o coração? Ah o coração...Este está incontrolavelmente incontrolável

E todo este momento pré-viagem está sendo,  deliciosamente,  vivido por nós dois. Cada detalhe do que pretendemos fazer, cada cidade que pretendemos passar, cada lugar que desejamos conhecer é discutido de tal maneira que, para nós, a viagem já começou!

E como diz Eugênio Mussak, para a revista Vida Simples: "Viajar é uma das melhores sensações da vida. O dinheiro aplicado em uma viagem não é um gasto, e sim um investimento.  Seu retorno vem em forma de cultura, entendimento, percepção, experiência e, principalmente, em forma de vida. Uma viagem não se esgota no retorno. Continua em nossa lembrança em forma de imagens, sons, cheiros e texturas."

E eu digo mais, viajar com a pessoa certa, talvez seja o melhor encontro com novas experiências. Saber que você tem do seu lado um parceiro que combina em tudo com você. Que te deixa livre para você ser você mesmo. Sem vergonha ou medo de exprimir qualquer sentimento, seja ele um choro incontido diante da magnitude de um cânion, ou o riso frouxo diante de um luar esplendoroso, ou a lamentação do cansaço depois de uma longa subida de bicicleta numa estrada do interior. Viajar sozinho deve ter lá suas vantagens, mas nada comparado a parceria certa. E o meu parceiro é um inveterado aventureiro (sem deixar nunca de ser responsável),  amante incondicional da Natureza, desprovido de qualquer arrogância ou qualquer outro sentimento pequeno, pessoa de coração enorme, sempre pronto a partilhar e compartilhar, simples, humilde e decidido. E o melhor, além de meu parceiro, é meu amigo!


06/08/2010 - Acabei de olhar o calendário. Meu Deus, faltam só 11 dias. Ainda bem que a chuva deu uma tréga, pois ainda temos algumas coisas para deixarmos em ordem. E um solzinho vai bem,  pois roupas precisam ser lavadas e tenis precisam estar secos. Vimos na internet que prá lá o tempo está bom, mas o frio está de rachar. La Paz (-1°C), Cochabamba (5°C), Santa Cruz (13°),  Puno (-3°C) e Cuzco (1°). Vai ser minha primeira experiência deste tipo. Nunca enfrentei frio menor que 12°C, já o Niva chegou ao oposto de mim,  -12°C.  Ele diz que o frio é diferente, mas chega a doer a alma.

12/08/2010 -   Ontem falei com João, um amigo da minha irmã Rô, que acabou de chegar de lá. Disse que vale muito à pena e que a Bolívia o encantou. Já está praticamente tudo arrumado: câmeras fotográficas em ordem, documentos scanneados e colocados na internet (disco virtual), passaporte, carteira de vacinação internacional, mochilas e roupas, tênis e bota impermeável, guia de bolso com mapas, remédios, produtos de higiene pessoal, sacos plásticos e claro, nosso roteiro. Que ansiedade louca. O Niva tem me acalmado muito. Ele é muito positivo e sempre diz: "Vai dar tudo certo."
E está dando mesmo tudo certo.


17/08/2010 - Finalmente o grande e tão esperado dia chegou. Depois de quase um ano envolta a tantas informações, depoimentos e declarações, estamos prontos. As mochilas estão fechadas e com tudo (ou quase tudo) que precisamos dentro delas. Antes de fecharmos o último zíper, uma passagem por uma balança para ver se não havia excesso de peso, mas não: 11kg a minha, 12 kg a do Niva. O máximo permitido para vôos são de 23 kg, ou então se paga uma taxa por excesso.  E a bagagem de mão o máximo permitido são 5kg.

                      
 
O Marcelo chegou para nos pegar eram 15:10 hrs, passamos na mecânica para pegarmos o Niva e seguimos para Floripa. Viagem tranquila até lá. Fomos rindo e conversando o tempo todo e eu, no banco de trás,  curtindo mais um pouquinho meus filhos.
Nosso avião chegou na hora marcada e fomos ao portão de embarque. Despedidas são inusitadas. Tem aquelas tristes, as alegres, as de "graças a Deus está indo embora", e as de "volta logo, por favor". Tenho certeza que para nós o último termo caiu muito bem, pois foi aquela choradeira.



Chegamos em Guarulhos quase 20:30 Hrs e a visão noturna da cidade de São Paulo lá do alto é simplesmente maravilhosa. A impressão que me passou foi a de um enorme tecido bordado com lantejoulas e fitilhos dourados e prateados. O Niva, com seu bom humor de sempre, tratou de me passar um cigarrinho de maconha (de mentirinha né gente, pois não curtimos), dizendo que eu já estava bem doidona.

Visão da Cidade de SP da nossa janela

O Aeroporto de Guarulhos é enorme. Uma multidão andando para um lado e para outro, cada qual com seus destinos. Bolívia, Argentina, Chile, Nova Iorque e Madrid. Crianças com brinquedos, travesseiros e ursinhos. Senhores e senhoras de meia-idade. Homens, mulheres, jovens e pessoas  mais maduras. Todos ali, mesclados, misturados,  a espera de seus vôos.
Tratamos de ir atrás de nossa conexão e esperamos pouco tempo antes que o vôo para Santa Cruz fosse liberado. Antes, uma parada para um cafezinho.


Pausa para um cafezinho


Esperando o Vôo - 
 Niva super cansado. Os últimos dias foram
de muito trabalho.

Aeroporto de Guarulhos



18/08/2010 - SANTA CRUZ DE LA SIERRA / COCHABAMBA.
A viagem não poderia ter sido melhor. Antes fizemos uma parada no aeroporto de Campo Grande e chegamos a 1:30 da manhã em Santa Cruz de la Sierra.
Emocionante e ao mesmo tempo amedrontador. Estávamos em outro país...na segunda maior cidade da Bolívia...outra língua...outros costumes...outra gente. O Niva foi trocar alguns dólares (1US$ = 6,90 Bolivianos) e fomos tomar um café no Brazilian Cofee, uma lanchonete instalada no aeroporto. Pagamos 45Bol, o equivalente a R$12,00 pelo lanche e café e pegamos um taxi até o terminal rodoviário que nos custou US$7,00. O caminho é tão longo que mais parecia uma viagem. No Brasil, com toda certeza, uma corrida como esta não sairia por menos de R$100,00.

Aeroporto de Santa Cruz de la Sierra

Niva trocando dólares


Para nossa surpresa, e desespero também,  o terminal estava fechado. Não poderíamos ficar ali ao relento, pois nos pareceu um tanto perigoso. Foi aí que surgiu um senhor e nos ofereceu uma Van para Cochabamba, nossa cidade destino. O preço estava acessível, 100Bol por pessoa (+/- R$27,00) por uma viagem de +/- 570km. Super barato. Foi a melhor coisa que fizemos. Depois de tantos relatos lidos sobre viagens de ônibus demoradas e desconfortáveis e também de bagagens roubadas, tivemos a sorte de pegarmos eesa van com mais 4 passageiros. Ficamos com os bancos de trás só para nós, e o melhor, nossas mochilas estavam bem ao alcance de nossos olhos e nossas mãos.


Saímos de Santa Cruz por volta de 3:00 da manhã. Viagem de mais ou menos 8horas, conseguimos dormir, repor as energias e ver muitas, muitas cenas que aqui no Brasil não se vêem, pelo menos aqui no Sul.
Os canos de gás boliviano estão em toda extensão da rodovia. Onde se olha se vê os tubos enormes. E nesta mesma linha, se viam também muitas casas simples e todas com a bandeira da Bolívia penduradas.

Devido a estiagem quase todas as pontes por onde passamos os rios estavam praticamente secos. Só se via uma filete de água e um tanto de pedras amontoadas. Ficamos imaginando que lindo seriam se estivessem com suas águas em curso normal.

Rios secos
Motociclistas guiando suas motos sem capacete, muitos carros da Toyota (aliás a Toyota impera na Bolívia), muitas mulheres vendendo de tudo nas ruas, desde pães e frutas até sucos, sorvetes, gelatinas, frango frito e jornal. E neste trajeto da viagem nos deparamos com muita pobreza e sujeira.

 
Motoqueiros sem capacete - coisa normal

Chola vendendo pães

E as crianças? Ah, as crianças. Elas nos chamaram muito a atenção.
E vimos muitas cenas com elas.
Crianças entupidas em carros,  sendo levadas para escola. Já outras muito pequenas seguindo seus caminhos e margeando a rodovia bem tranquilas naquele vai-e-vem de caminhões e vans. Outras, bebês ainda, colocadas sentadas à beira do asfalto enquanto suas mães faziam suas vendas aos motoristas que ali passavam. E outras ficavam deitadas em panos muito coloridos em meio a frutas, comidas e muita sujeira enquanto suas mães também faziam seu trabalho.


À espera da mamãe

Crianças indo à escola

Cuidamos tanto de nossos filhos! Ficamos loucos se tentam atravessar a rua sem nos dar as mãos, não deixamos que andem com os pés descalços com medo de uma friagem ou espinho ou qualquer outra porcaria que possa fazer com que adoeçam, tratamos de lhes dar uma excelente alimentação para que cresçam saudáveis, compramos seus brinquedos favoritos, dvd's da Xuxa e Bacugan,  camisetas do Homem-de-Ferro, Ben10, Meninas Super Poderosas, Pucca, Homem-Aranha e Batman, e muitas vezes achamos que ainda é pouco. Mas quando nos deparamos com cenas assim, vimos o quanto nós e nossos filhos somos abençoados e privilegiados.
Mas mesmo com tantas limitações as crianças parecem felizes, sorridentes e cantantes.

E as cholas? Essas sim são guerreiras. Presenciamos muitas delas carregando quilos e quilos nas costas. Chegam a ficar arcadas qual o tamanho do peso e não fazem sequer uma cara feia ou de descontentamento.  Seguem firmes e fortes e muitas vezes com os filhos pequenos agarrados em suas saias. E estes, por sinal, também ajudam a carregar uma infinidade de sacolas e sacos. Vimos algumas trabalhando na construção civil, enchendo carrinhos de mão e peneirando areia. Ficamos impressionados.
Mas elam também têm seu momento de raiva. Numa dessas paradas vieram muitas cholas oferecendo suas mercadorias e eu, Cris, sem nenhuma pretensão de magoar ninguém, acabei tirando algumas fotos delas. Neste momento uma delas se revoltou e jogou um tomate em mim. Ainda bem que o vidro do ônibus estava fechado, senão seria "a tomatada". E eu  entendo que elas não gostem de serem fotografadas, pois devem haver muitos turistas que passam ali todos os dias e fazem a mesma coisa. Não compram o que estão vendendo, mas levam a imagem delas para seus países.  Tomei mais cuidado das próximas vezes.


Marca da "tomatada" no vidro


Chola com seu filho

Apesar da paisagem marrom por quase todo o trajeto, por causa da seca, conseguimos ver cenas lindas como estas:







Chegando em Cochabamba:  A van nos deixou em frente ao terminal rodoviário de Cochabamba um pouco antes do Meio-Dia e o frio intenso da semana passada deu lugar a um calor infernal. Estava bem mais quente que no Brasil.
Pegamos nosso Guia GTB e o livro de MP, localizamos a Av. Aroma e subimos por ela para encontrarmos um hotel para ficarmos. Confessamos que os 11 e 12kg de nossas mochilas dobraram de peso ao descermos da van. Talvez já sentindo o efeito do ar rarefeito da altitude, pois pulamos de 473 mt (Sta Cruz) para 2570 mt (Cocha). 

Cochamba, assim chamada carinhosamente por seus moradores, é uma cidade enorme e lembra muito algumas cidades brasileiras, pois possui muitas árvores, largas avenidas e diversas praças.
Se vê muita gente nas ruas, mas poucos jovens. Senhores e senhoras vendendo de tudo e  ficam praticamente um do lado do outro em toda extensão das ruas, com seus cestos de pães, frutas (com seus tamanhos e coloridos impressionantes) e legumes. Vendem carnes, sucos, comida preparada ali mesmo, frango frito, sopas  e muitos cereais. Uma loucura.



As ruas simplesmente parecem feiras-livres


O trânsito caótico não lembra nenhum pouco o do Brasil, mas tudo flui normalmente. Não se vê carros batidos ou amassados, apesar da grande bagunça. E se você pensa que eles param para você passar, está muito enganado, pois os  motoristas continuam a acelar e vc é que tem que dar um jeito de sair da situação.
Talvez ajam assim pelo fato de que seu "ganha pão" seja justamente o transportes de passageiros, pois as inúmeras vans simplesmente param no meio das ruas para pegar passageiros,e estes sobem e descem sem o menor cuidado. E como buzinam e gritam seus destinos! O dia todo! Mas durante a noite a cidade se transforma. Um silêncio profundo invade todos os cantos e o barulho ensurdecedor dá lugar a uma tranquilidade inigualável. Coisas de Cochamba.



Trânsito de Cocha - visão da janela do hotel

Por sorte encontramos um hotel na Av. Aroma mesmo, bem no centro e perto de tudo.
Propriedade do sr Ramiro, um sr. de poucos sorrisos mas que nos atendeu prontamente. Fechamos com ele por 80Bol o casal (+/- R$22,00), mas sem o desayuno - café da manhã. Uma verdadeira bagatela por um quarto confortável, com banho privativo e TV. Estávamos no paraíso.
Descarregamos nossas mochilas, tomamos um banho para repor as energias e pé na estrada. Fomos atrás de um lugar para almoçarmos. Encontramos um restaurante bem ali perto e pagamos por um prato de arroz, frango, saladas e batatas o equivalente a R$4,00 por pessoa, e também fizemos nosso primeiro contato com a cerveja boliviana, provamos a Taquiña - deliciosa.


Comemorando nossa chegada com Taquiña
Para quem faz uma viagem deste tipo, com poucos dias e muita coisa pra se ver, não pode esquentar banco. E foi o que fizemos. Nada de esquentar banco e pés na estrada. Pegamos uma van até o Cristo de La Concórdia, cartão postal de Cocha, que nos cobrou 6,00Bol o casal (+/- R$1,50).

Chegando no Cristo você tem 2 opções: ou sobe uma escadaria infinita até chegar no topo ou pega um teleférico que vc paga o equivalente a 3,00 por pessoa.  Um absurdo de barato perto do teleférico de Balneario Camboriu que custa +/- R$ 25,00 por pessoa.

Niva se deslumbrando
O "Cristo Índio" nos abençoando

Cochabamba


O "Cristo-Índio", como é chamado, é uma escultura de mais ou menos 40 metros de altura, esculpida por um artista cochabambino, Cezar Terrazas Pardo,  e segundo os moradores locais, é o mais alto do mundo. Mas deixa dúvidas quanto ao Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, que , para nós, parece mais alto. Localizado no monte São Pedro (256mt de altura), lá de cima se tem uma visão panorâmica de Cocha e do vale central, onde há uma bela lagoa.  


Aproveitamos a tarde para fazer mais alguns passeios pela cidade. Fomos na Praça 14 de Setembro, com suas construções antigas, bares, lojas de conveniências, artesanatos e muita gente sentada nos bancos e chafarizes sem fazer praticamente nada. Nos perguntamos o que tanta gente fazia ali. Eram mulheres fazendo crochê e trico, senhores lendo jornais, engraxando seus sapatos e crianças brincando. E nem era  feriado, nem dia santo. Ficamos sem resposta é claro.




Construções ao redor da Praça 14 de Setembro
O passeio terminou com uma volta por mais algumas ruas inundadas de prédios e construções muito antigas. Mais um chopp e uma salada deliciosa  pra completar, uma última parada numa "panaderia"para comprarmos uns docinhos, internet para darmos sinal de vida aos nossos familiares e amigos e já estávamos mortos de tanto bater pernas,  resolvemos então ir pra caminha.


Chopp e Salada = Restaurante Limpinho
19/09/2010 - COCHA / LA PAZ
Manhã seguinte levantamos super cedo (queríamos aproveitar cada milésimo de segundo) e perguntamos ao sr Ramiro onde poderíamos encontrar uma "panaderia" (padaria). Ele nos informou que passando duas quadras encontraríamos uma. E fomos belos e formosos de mãos dadas passeando pela avenida em busca da tal padaria.
Chegamos na tal quadra que ele nos informou e nos deparamos com a panaderia: uns quatro ou cinco cestos enormes de pães de diversos tamanhos e formatos, sendo vendidos assim, ao ar livre, na esquina de uma rua super movimentada.
Aquela é a forma que os bolivianos vendem seus pães. Nas ruas, ao ar livre. E as pessoas param a todo momento, compram os pães e saem comendo pelas ruas, sem uma manteiguinha ou docinho de frutas no meio. Mas nós não compramos. Fomos atrás de um café expresso e encontramos um bem perto da praça que estivemos na tarde do dia anterior. Fomos os primeiros a chegar. O lugar ainda nem estava aberto direito, mas a balconista nos atendeu com muito carinho e pediu que aguardássemos até que a água da máquina fervesse. E ficamos ali, contemplando ainda o silêncio, que mais alguns poucos minutos tornaria-se num terrível barulho de pessoas falando, carros buzinando e motoristas gritando: Aroma, Aroma, Aroma, El Mirador, El Mirador, Cristo, Cristo, Cristo...

Tratamos então de levantar poeira. Já havíamos visto muito de Cocha e nosso destino agora era La Paz, a capital mais alta do mundo.
E o que ficou de Cocha?
Cochabamba é linda, imensa, colorida, falante e barulhenta. Já deixou saudades!!!


 Um misto de Cochabamba

Chegamos na rodoviária entre 10 e 11 Hrs e fomos perguntar há alguns senhores donos de vans, quanto nos cobrariam para nos levar até La Paz. 500Bol (+/_ 70US$), disse um deles. A moeda deles pode até ter um valor muito inferior a nossa, mas daí ficar esbanjando também não é negócio. Dispensamos a van e decidimos ir de ônibus mesmo. Economizamos 435 Bol, pois nossas passagens custaram 70Bol + 5Bol pela taxa de embarque, ou seja, US$10,00 o casal num ônibus executivo, com TV, sem banheiro, para uma viagem de +/_ 6 Horas.
Verdade seja dita. Bem no fundo queríamos ir de van, pois em quase todas as pesquisas vimos muitos relatos das pessoas falando muito mal do desconforto dos ônibus, das estradas mal conservadas e perigosas e de pessoas que tiveram seus pertences roubados, principalmente nas paradas em beira de asfalto.  Mas não foi o que vimos.
No ônibus conseguimos dormir à vontade, as estradas são super lindas, pouco movimentadas e  bem pavimentadas. Claro que todo cuidado é pouco e previnir é sempre melhor que remediar. Numa destas paradas o Niva aproveitou para descer e ver se nossas michilas estavm em ordem e eu, de posse do banco na janela, a toda hora ficava atenta a todo passageiro que descia.
Mas nada nos aconteceu. Em nenhum momento fomos abordados ou nos sentimos inseguros com alguma atitude de alguém.

O caminho até La Paz é muito bonito. As rodovias são muito bem sinalizadas e conservadas e você sente que está subindo, subindo, subindo...A paisagem marrom da vegetação das montanhas contrasta permanentemente com o azul anil do céu, formando cenas inesquecíveis. De vez em quando o verde de alguma árvore ou arbusto quebrava o visual pardo que se via durante toda a viagem.  A água do degelo das montanhas deixa também um enorme caminho de pedras, pedregulhos e terra por toda parte que se olha e pontes vão unindo nossos sonhos.


 Leito seco da água do degelo

  

Contraste natural de cores

De vez em quando um verde.
E pontes, ao fundo, vão unindo nossos sonhos. 





 E foi assim durante todo o percurso. Subidas, curvas, pontes, árvores, mais subidas e tudo foi ficando prá tráz, inclusive a saudade de Cochabamba.
Nossa primeira e única parada foi num lugar no meio do nada. Ali funciona uma lanchonete com banheiro onde as pessoas saboreiam muitos pratos de sopa. Não tomamos a sopa, mas mais tarde fomos descobrir que são simplesmente deliciosas.
Descemos para esticarmos as pernas, tomamos um banho de sol (pois estava ficando frio) e comemos  umas guloseimas com nossos companheiros, que naquele momento eram três cachorros.


Niva e nossos amigos

 
Um lugar para esticar as pernas. No meio do nada. 



De repente uma cena incrível aconteceu. Um vento muito forte começou a soprar formando um pequeno redemoinho que começou a levantar tudo ao seu redor: sacolas, papéis e muitas folhas secas. Foi muito lindo de se ver. O Niva infelizmente não estava presente nesta hora,  e eu fiquei boquiaberta. Mas ninguém ao meu redor deu muita importância ou se dislumbrou com o que estava acontecendo. Com toda certeza se deparam com cenas assim todos os dias. Mas foi uma experiência marcante.


Redemoinho e as pessoas não se impressionando


REDEMOINHO

Depois de reabastecidos seguimos nossa viagem. Descansa, conversa, estica as pernas, tira um cochilo, ri, come alguma coisa e volta a descansar de novo. Foi assim o tempo todo. Mas num determinado trajeto avistamos de longe um monte nevado muito lindo e enorme. Ele nos acompanhou até La Paz e só quando chegamos lá é que fomos descobrir que tratava-se do monte mais alto da Cordilera Real, com seus 6462m, o Monte Illimani. Lembrando que o Sarjama é o monte mais alto da Bolívia, pertencendo a outra cadeia de montanhas, a Cordilera Ocidental.



Monte Illimani
O contraste entre a enorme cratera em que se encontra a cidade de La Paz e o extenso e branco Illimani é surpreendente, e fica difícil imaginar La Paz sem a gigantesca montanha ao olhar para o sudeste da cidade.
E de acordo com habitantes dali, os crepúsculos vespertinos de La Paz são um espetáculo: enquanto a cidade começa escurecendo em toda sua extensão, o Illimani vai passando por diferentes tons de cores até extinguir-se todo colorido no branco pálido e eterno que são as neves e gelos do nevado. Mas infelizmente não pudemos ver estas cenas, pois por causa das queimadas, o céu estava todo coberto de imensas nuvens de fumaça trazidas pelos ventos.
O Illimani, embora frequentemente considerado ou tratado como nevado, é um vulcão extinto do tipo estratovulcão, ou seja, um vulcão em forma de cone, formado pelo magma extravasado.

Chegamos em La Paz por volta das 18:00Hrs e fomos recepcionados pelos sons ensuredecedores de buzinas, pelas várias pessoas que desciam e subiam as avenidas num corre-corre de tirar o fôlego e pelas luzes da cidade.



Chegando em La Paz


Resolvemos baixar na Rua Sagárnaga (demoramos para pronunciar esta palavra), que é uma ladeira muito frequentada por turistas de toda parte do mundo, vários hoteizinhos e hostels, internet, peñas, lojas de artesantos e agências de viagens. Paramos no Hotel Além, de propriedade da dona Maritza, uma senhora muito simpática que nos ofereceu um desconto de 10Bol para não ficarmos zanzando pela rua a procura de outro lugar., pagamos 70Bol o casal, com desayuno (+/- R$19,00) e nos demos por satisfeitíssimos.
Colocamos nossas mochilas no quarto e já tratamos de sair. Nosso destino era encontrar uma Peña. O que é uma peña??? Bem, eu também não sabia até o Niva me contar. São locais ou casas noturnas onde se realizam shows com o folclore raíz de cada lugar. 
Havia uma peña quase em frente ao nosso hotel e lá que fomos. 
Indescritível a sensação de estar em uma mesa, na frente do palco e o espetáculo acontecendo. Me emocionei muito há todo momento. Pedimos o famoso Pisco Sauer (Pisco é o nome de duas variedades diferentes de aguardente de uva, produzidas no Peru e no Chile . E Pisco Sauer é mistura de pisco com açúcar, suco de limão e clara de ovo batida em neve).
Pisco Sauer

 





 










































































16 comentários:

  1. É bom saber que vocês estão muito bem e muito felizes, isso nos alivia, nos acalma. Esperamos que essa viagem seja a cada dia que se passa mais lindaa. Nós estamos ótimos, o dinho veio nos buscar, a dinha liga a toda hora, toda preocupada, mais tranquila ao mesmo tempo. O Marco está vindo aqui direto tambem. Enfim, estamos muito bem. Escola, trabalho, em casa, paqueras, namoros, irmão, tudo muito tranquilo, graças a Deus. Ah, por falar nisso em chorar, o Bruno chorou mais que nós todos, tadinho! Mas ele esta bem, muito bem por sinal, comendo igual um condenado, como sempre! hahahaha Ta um foofo. Já estamos anciosos para vê-los novamente, é muita saudade. Mas tudo bem, faz parte! O importante é que vcs estão bem.

    Se cuidem e se divistam muuuuito.

    Amamos vocês.

    Ass: Titi, Aline e Bruno.

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  2. Aaah mãe, o Bruno pergunta de vc toda hora. Hj ele viu a sua foto aqui no computador e falou:'Que linda que a mamãe ta,né titi?' hahahaha fofo fofo. Mais ele ta super bem, não se preocupa.

    Amamos vcs, beijo beijo. Divirta-se!

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  3. Uhulll aproveita tudo ai por nós todosss!

    beeeijo Tamara

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  4. Cris fico feliz em saber que vcs estão bem, aproveite cada minuto pois esse momento é único.
    Dues ilumine vcs com muita Sabedoria, Inteligência,Amor, Paz e Saúde para pode desfrutar esse sonho......

    Bjsssssss
    Jozi
    Cris estou pstando pelo da Tamara pq não tenho outro tipo de email para colocar n perfil..

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Oi lindona...já estou com saudades...

    Que ótimo que esta dando tudo certo...fico feliz...

    Qd chegar não vamos esquecer de nossa reunião de amigos...para contar todos os babados...

    Fique com Deus...Bjs...Rê

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  7. NIVA E CRIS: Cada novo dia seja para vocês:
    Um convite, um apelo, uma oportunidade.
    Um convite para começar.
    Um apelo para viver.
    Uma oportunidade para amar.
    Que DEUS os abençoe.
    Bjs Lela e Isa.

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  8. Se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor...
    Lembre-se: Se escolher o mundo ficará sem o amor, mas se escolher o amor, com ele conquistará o mundo.
    Bjs BRAULIA.

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  9. Cris e Niva, felicidades ao casal curtam muito esta viagem. Que Deus os ilumine, beeijos

    Marcelo e Lu

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  10. Oi Tia Cris e Niva!
    ahhhh, eu fiquei imaginando tudo o que vocês contaram dos momentos e das cidades ali em cima. Meu deve ser muito muito lindo pelo jeito.
    Que bom saber que vocês estão bem e que estão aproveitando cada momento ai.
    Bom, curtam bastante mesmoooo e tirem muitas fotos..hehehe
    fiquem com Deus! Te amo tia cris <3

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  11. Cris e Niva...
    Por aqui estamos cuidando muito bem de seus filhos, que tbm são nossos. Continuem curtindo a viagem, e gostaria de lembrar que a carta não era só do Dinho e sim do Dinho e da tia Lu. Agradeço a lembrança.

    beijinhos, e até la vista baby.

    tia Lu

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  12. Oiii Cris que bom saber que a viagem esta dando tudo certo....Aproveite cada momento e com certeza será inesquecivel....
    Posta algumas fotos para nós ver e matar nossa curiosidade de como é por ai....
    Por aqui esta tudo certo, no melhor funcionamento....mas volta logo rsrsrsrsr
    beijos e tudo de bom pra vocês!!!

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  13. Denize
    Cris... Tu tas xique demais!!!! Que invejaaaa... Aproveita muuuuitoooo
    Bjksss Deni e Marcio

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  14. CRI, sonhar é maravilhoso, realizar um sonho então, não tem explicação, junção de todas as emoções possíveis, vontade de chorar, rir, gritar e que todos pudessem sentir a mesma emoção. Fico realizada junto contigo, pois há muito tempo não te via tão feliz. Que cada segundo seja aproveitado ao máximo ( não tenho dúvidas que será). TE AMO torço muito por ti, por ti e pelo Niva também. ALINE, TITI E BRUNINHO são demais, mais responsáveis que a mãe deles..hshshshshshs (brincadeirinha). Vamos passar o fim de semana juntos.Cuido bem dos meus amores, fica tranquilinha. TE AMO MINHA IRMÃ.
    Beijo prá ti e um respeitosos no Niva.

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  15. estamos com TAAAAAAAAAAAAAAANTA saudade :/ sentimos muito a tua falta. fiquem bem, se CUIDEM, ok?!

    te amamos muito, beijos pro Niva tbm :)

    Aline, Titi e Bruninho.

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