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Ilha de Anhatomirim


20/03/2010- Acordamos cedinho e o clima estava prá lá de bom. Nem chuva, nem sol, nem frio, nem calor; um ar típico do primeiro dia de Outono, que para nós, junto com a Primavera, é a melhor estação do ano.
Pra quem gosta de História e Ruínas, Anhatomirim é o lugar perfeito.

Situada em Governador Celso Ramos (SC), Anhatomirim foi tombada pelo Patrimonio Histórico em 1938 e permaneceu em total abandono até as décadas de 70 a 80 quando, graças a um convenio assinado entre  a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), o Ministério da Marinha e a Subsecretaria do Patrimônio Histórico, foi totalmente restaurada e é hoje mantida sob a guarda e tutela da própria UFSC, que promove trabalhos de estudos, desenvolvimento de projetos de interesse cultural, científico e também do turismo educativo. Atualmente essa obra histórica nacional constitui num dos maiores e mais bem conservados conjuntos da arquitetura militar do Brasil, é um dos principais pontos turísticos de Santa Catarina e está aberta ao público por míseros R$4,00.
Existem escunas que partem de Canasvieiras(Floripa) todos os dias e barcos que saem das praias de Gov Celso Ramos às 8:00 da manhã.
No nosso caso não fomos nem com um, nem com outro. Acabamos fazendo amizade com um pescador da Praia de Armação na Baía dos Golfinhos, dono de uma voz rouca e simpatia inigualáveis. E depois de ficar acertada a viagem por R$60,00 o casal e o almoço no restaurante Casa Nova (de sua propriedade), onde é feita a melhor comida da cidade, partimos para nossa aventura a bordo do barco do Sr. Maneca.


Sr Maneca e Niva: negócio fechado.






Contato com Sr. Maneca: DDD 48



A pequena praia de Armação foi ficando prá trás. Pequenina, distante, mas cheia de beleza e romantismo e foi cedendo espaço aos morros que margeiam o mar, com suas pedras enormes,  seus pássaros de diversas cores e tamanhos e suas árvores, uma mais linda que a outra. Como nos disse o Sr. Maneca,  a fauna marinha é riquíssima, mas infelizmente não pudemos ver os tão famosos golfinhos.



No barco a caminho da ilha.
É simplesmente impressionante a visão que se tem logo na chegada: uma imponente construção projetada por José da Silva Paes, brigadeiro português, para defender a região de Desterro (hoje Florianópolis) da invasão espanhola, em conjunto com outras fortalezas, as quais não tiveram a menor utilidade defensiva. Para se ter uma ideia do fracasso, a distância entre os fortes era de 6km, enquanto o canhão de maior calibre tinha um alcance máximo de 2km.
Sempre lembrada por um certo tabu pelos habitantes mais velhos por causa da invasão, este episódio não é o mais triste. Uma lembrança amarga que se tem, é o fato da ilha ter servido de presídio político em meados de 1890, durante o governo de Floriano Peixoto, onde foram fuzilados homens que eram favoráveis à criação da federação dos estados brasileiros, vindo ao encontro das ideias nada democráticas de Floriano.







A imponente construção


 Anhatomirim significa "pequena ilha do diabo", e diga-se de passagem de diabo não tem nada, se vê sim, muita obra divina em todos os pontos que se olha.




Parecem que fazem parte do monumento, mas as corujas são reais



No alojamento da tropa , a maior construção da ilha, está sendo montada uma exposição permanente de mamíferos marinhos, que já conta com a ossada da baleia Charlote, a mesma que apareceu morta na praia de Balneário Camboriú há muitos anos atrás.


Ossada da Charlote






Na parte de cima: o alojamento da tropa. Na parte de baixo: calabouço, onde os presos políticos permaneciam.


Andamos por toda ilha e pudemos notar que tudo é muito preservado e cuidado. A grama bem aparada, as árvores podadas, não se vê uma bituca de cigarro no chão, tampouco papel de bala ou qualquer outro tipo de lixo jogado pelos visitantes.


As construções seguem diferentes tipos arquitetônicos e ao chegarmos num determinado ponto da ilha, vimos que uma das construções era realmente um pouco diferente das demais. Ao lermos a placa tivemos nossa confirmação. Realmente foi construída quase um século depois das demais, gerando também motivo de discórdia entre os governantes da época, por não seguir o mesmo projeto arquitetônico do século passado. 




Construção feita um século depois que as demais construções da ilha.


O orgulho de Silva Paes, que se referia a ilha como tendo as mais nobres acomodações militares das Américas é hoje o maior e mais monumental complexo da arquitetura colonial portuguesa existente no sul do país. O conjunto ocupa uma área de 2678m², integrado pelas seguintes estruturas:




Portão das Armas: a escadaria de acesso é feita com lioz português, uma pedra muito parecida com o mármore.
Quartel do comandante: erguido ao centro da Ilha.
Quartel da Tropa: erguido sobre o terraplano, voltado para o oceano Atlântico. 
Armazém da Pólvora: construído afastado do conjunto principal.
Paio da Farinha: erguido entre o Quartel da Tropa e o do Comandante.
Casa da Palamenta: destinada à guarda de armanneto, restam apenas trechos de seus alicerces.
Rampa: passagem subterrânea que liga o Quartel da Tropa à Bateria de Canhões.





Portão das Armas






Quartel da Tropa e o enorme pé de jaca




Armazém da Pólvora




Rampa






Bateria de Canhões




E depois de termos visto tanta beleza, história e deslumbramento partimos de volta à praia de Armação e nos saboreamos com a deliciosa comida do restaurante Casa Nova, propriedade do simpatissíssimo Sr. Maneca




Peixinho pescado na hora


E para quem vem sentido norte, no nosso caso Camboriú, convém parar no Caldo de Cana Chorão e experimentar o melhor caldo da região. Esse nome sugestivo é porque ao invés do proprietário dar o famoso chorãzinho (resto do caldo no bule) ele simplesmente oferece outro copo do mesmo tamanho para sua clientela, ficando conhecido como "Chorão". Vale a pena conferir, tudo muito limpo e o atendimento é nota 10.
























































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